Proposta | Lei do Orçamento do Estado 2026 Proposta de Lei n.º 37/XVII/1

Atualizações Legislativas | 24 Outubro 2025
I. Proposta de Lei do Orçamento do Estado 2026

A Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2026 (POE 26) chega com poucas alterações estruturais: ligeiro alívio fiscal em IRS e IRC e simplificação gradual das obrigações declarativas. Abaixo um resumo das principais medidas fiscais constantes do OE:

IRS

  • Atualização de escalões de IRS em 3,51% e descida de 0,3% nos 2.º a 5.º escalões;
  • Novo mínimo de existência: €12.880;
  • Prémios de produtividade/lucros: isentos de IRS e TSU até 6% do salário anual, se aumentos ≥ 4,6%.

IRC

  • Taxa geral desce para 19% em 2026 (18% em 2027 e 17% em 2028);
  • PME e Small Mid Caps: 15% sobre os primeiros €50.000;
  • Viaturas híbridas plug-in Euro 6e-bis (

IVA

  • Pequenas alterações em sede de taxas reduzidas.

IMT

  • Isenção até €106.346 para habitação própria e permanente;
  • Jovens até 35 anos: isenção até €330.539;
  • Isenção de IMT e Selo em emparcelamentos de prédios rústicos.

Benefícios Fiscais

  • Prorrogação de vários benefícios do EBF até 31/12/2026 (deduções no âmbito de parcerias de títulos de impacto social; sistema financeiro e mercado de capitais; coletividades desportivas, de cultura e recreio; benefícios fiscais relativos ao mecenato; etc.);
  • Não prorrogação dos benefícios referentes a: encargos suportados na produção agrícola; empréstimos externos representativos de determinados contratos de empréstimo; e embarcações eletrossolares ou exclusivamente elétricas.

Outros e Obrigações Acessórias

  • Fim do adicional de solidariedade sobre a banca;
  • Faturas em PDF aceites como faturas eletrónicas até 31/12/2026;
  • SAF-T contabilístico obrigatório apenas para 2027 (entrega em 2028);
  • Inventários dispensados de valorização, relativamente ao período de tributação com início em ou após 1 de janeiro de 2025. Os sujeitos passivos que não estejam obrigados a inventário permanente, relativamente ao período de tributação com início em ou após 1 de janeiro de 2026.
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II. O que devia estar e não está na proposta do OE 2026?

Várias medidas estão a ser discutidas fora do quadro do OE 2026, incluindo:

  • Deduções por rendas de habitação: aumento do limite da dedução à coleta de IRS com despesas de arrendamento para €900 em 2026 e €1.000 em 2027, aplicável a todos os contratos de arrendamento. Paralelamente, os rendimentos prediais resultantes de contratos de arrendamento “moderado” (com renda até €2.300/mês) beneficiarão de uma redução da taxa autónoma de IRS de 25% para 10%;
  • Taxa de IVA reduzida para construção: redução para 6% da taxa de IVA na construção ou reabilitação de habitações para venda ou arrendamento a preços "moderados" – €2.300 mensais no arrendamento e €648.000 na construção para arrendamento;
  • Mais-valias em IRS no reinvestimento em imóveis para arrendamento “moderado”: fim da tributação das mais-valias de IRS na venda de habitações quando o valor for reinvestido em imóveis para arrendamento a valores "moderados";
  • Isenção de IMT & IMI em imóveis para arrendamento “moderado”: isenção temporária de IMT e IMI imóveis destinados a arrendamento “moderado”;
  • Fim do regime SIFIDE através de fundos: o Governo anunciou os investimentos em investigação e desenvolvimento (I&D) efetuados por via indireta, através de fundos de investimento, poderão vir a perder os benefícios fiscais no âmbito do Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE) já em 2026.

Em género de nota, foi já aprovado na especialidade e na votação global (Decreto da Assembleia da República n.º 13/XVII), prevendo-se a sua publicação em breve, o Regime de Grupos de IVA, que concede a opção de consolidação de saldos de IVA entre empresas do mesmo grupo, entrando em vigor a 1 de julho de 2026.

III. Conclusões – O que esperar?

A Proposta de Lei do OE 2026 traz poucas novidades estruturais, mas deixa sinais relevantes: uma descida faseada do IRC, incentivos à valorização salarial, isenções seletivas em IMT e ajustes técnicos com impacto prático (viaturas, inventários, obrigações digitais).

Importa, no entanto, sublinhar que várias medidas com peso orçamental relevante foram já anunciadas e estão em discussão fora da Proposta do OE 2026.